Se
já não bastasse a grande quantidade de monóxido de carbono presente no
ar que respiramos, proveniente dos 200 mil veículos automotores que
circulam em nosso sistema viário, e a presença do vírus Influenza A
(H1N1), responsável pela transmissão da gripe suína, ainda temos que
conviver com as queimadas criminosas que acontecem no perímetro urbano
e áreas adjacentes de Rio Preto. No dia 13/5, o Diário publicou uma
oportuna matéria sobre o assunto apresentando um dado estatístico
assustador: o número de incêndios em terrenos baldios cresceu 91% no
primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009. Eu
mesmo sou testemunha disso! Quase que diariamente acordo com o nariz
congestionado devido à chuva de fuligem que cai sobre a minha
residência. Quase toda população rio-pretense esta sendo afetada por
essa maldita fuligem preta, que, diga-se de passagem, contém partículas
cancerígenas e nossas autoridades não fazem absolutamente nada para
punir os responsáveis. Será que alguém acredita que esses incêndios são
acidentais? De acordo com o tenente Yukio Kubo, do 13º Grupamento de
Bombeiros de Rio Preto, em matéria publicada pelo Diário, essas
queimadas geralmente são provocadas de forma voluntária. Além das
tragédias ecológicas, a poluição do ar pode trazer sérias consequências
para a saúde humana: problemas respiratórios, circulatórios, dor de
cabeça, irritação da garganta, irritação dos olhos etc. A poluição do
ar mata pelo menos 3 milhões de pessoas por ano. Se já não bastassem os
mosquitos da dengue nos infernizando durante o dia quem já não viveu
uma noite de sufoco, sem conseguir respirar direito por conta dessas
queimadas? Quem já não ficou com os olhos vermelhos e irritados, ou
nariz congestionado por causa da fumaça?
No período de maio a setembro, quando a umidade do ar diminui, os
riscos de incêndio são maiores. É nessa época também que muitas pessoas
vão ao médico para se queixar de problemas respiratórios que são
agravados pela poluição do ar (leia-se fumaça das queimadas). Agora,
então, com a chegada da gripe suína a população está baixando em peso
nos postinhos de saúde e hospitais da cidade em busca de socorro. Tem
dias que toda a cidade fica coberta de fuligem proveniente desses
incêndios criminosos. Para piorar a situação, às vezes, a umidade
relativa do ar apresenta índices abaixo de 20%, que já é considerado
crítico. Se esse período de seca persistir e o nosso ar continuar sendo
poluído por essas queimadas, nosso município corre o risco de entrar em
estado de emergência. Essas coisas ainda acontecem devido a ignorância
e o descaso com o meio ambiente, bem como a mesquinhez de alguns
indivíduos que, para não pagar a capinação desses terrenos provocam
incêndios para “limpar” o mato. Ninguém aguenta mais essa situação. E o
pior é que a população conscientizada se sente impotente para fazer
qualquer coisa. Vai reclamar para quem? Para o bispo? Só mesmo com as
bênçãos de Deus alguém vai conseguir achar e punir os culpados. A
população tem que se mobilizar no sentido de dar um basta nessas ações
criminosas. Portanto, a qualquer sinal de fumaça deve-se avisar o Corpo
de Bombeiros, imediatamente. Também é importante denunciar para que os
infratores sejam punidos, assim estaremos ajudando a combater este
crime (Lei Federal nº 9.605, fev 98 - Lei de Crimes Ambientais: Art.
41). No âmbito municipal existe a Lei nº 7.419, de 12 de abril de 1999,
que não trata como crime, mas proíbe qualquer queimada na área urbana
de São José do Rio Preto e prevê multa para os infratores, de dois
salários mínimos (R$ 1.020, atualmente), com valor dobrado, em caso de
reincidência. Além da colaboração dos cidadãos conscientizados, a
Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo e o Ministério Público também
deveriam colaborar no sentido de multar e incriminar esses indivíduos
nefastos que estão acabando com a saúde da população e com o nosso meio
ambiente.
ROBERTO DE CARVALHO JUNIOR
Mestre em Arquitetura e Urbanismo na área de Planejamento e Projeto de Assentamentos Humanos
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