Diário do Nordeste

Fortaleza, Ceará | Segunda-Feira | 03 de Novembro de 2008


DESERTO NO BRUM (2/11/2008)

Queimadas ameaçam Jaguaribe

Jaguaribe. O município de Jaguaribe, a 293 quilômetros de Fortaleza, oscila entre o verde perto do rio e o ocre que dá cor à desertificação. O problema se agravou, dos anos 1970 para cá, com as queimadas para, como dizem os nativos, descobrir a terra e prepará-la para a pastagem. Não poderia haver agressão pior. Embora iniciativas isoladas tentem mudar o semblante de comunidades como o Brum, os trabalhos esbarram na tradicional cultura da exploração.

O técnico extensionista e vice-presidente da Associação Comunitária Sítio Brum, Francisco Nogueira Neto, o Neto do Brum, conhece bem essa realidade. Ele conta que há dois anos as ações contra as queimadas se intensificaram. “Mas os pequenos têm medo”, admite, informando que a prática consiste em separar a área, varrer, cortar mato e tocar fogo.

No ano seguinte, o processo se repete, até a terra não suportar mais sequer produzir pasto para os animais. Aí é mudar de local. Mas o problema não é só para o bioma da Caatinga. Não é raro, devido à temperatura mínima de 30 graus centígrados, o fogo se espalhar, destruir plantações, casas e ameaçar vidas. “O fogo chega a quase dois metros de altura”, revela, mostrando, sob os pés ou ao longe, valas vermelhas, sem qualquer vegetação.

Uma das soluções para trabalhar a terra sem agredi-la, segundo Neto do Brum, é o raleamento, em que o mato é cortado, mas não se faz queima, se transforma em matéria orgânica e adubo natural.

O técnico, que trabalha na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) de Jaguaribe, afirma que há projeto de transferir solo e sementes do Serrote da Santa Cruz, que nunca foi queimado, para o Brum, onde até à beira do açude a terra vermelha dá sinais de desertificação.

De tanta devassidão, há quem diga que o local é amaldiçoado, mas o próprio Neto do Brum, conhecedor do lugar, dos moradores e das necessidades da região, não acredita na hipótese. Prova disso é que algumas comunidades estão se desdobrando para sobreviver. E estão conseguindo, com a produção de mel, do famoso queijo que range nos dentes e com o manejo sustentável. E há comunidades que trabalham a terra com tratores, que não danificam a terra. Os automóveis são conseguidos através de programa do Governo Federal. Em Jaguaribe há 16 tratores.


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