
Queimadas
provocadas pela expansão do agronegócio no Parque Nacional das
Nascentes atingem os mananciais do rio Parnaíba e já secam rios menores
(foto).
*Por Dionísio Carvalho - Especial
O
Rio Parnaíba, localizado entre os estados do Piauí e Maranhão, é
considerado o maior rio do nordeste, com 1.400 quilômetros de extensão,
levando-se em conta que ele nasce e deságua na região. Mas, mais
recentemente, o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba vem
sofrendo com intensas queimadas causadas pela pecuária e o agronegócio
desordenado da soja, que estimulam a cada dia o seu desaparecimento.
São
ao todo 7.300 quilômetros quadrados, localizados entre as Serras a
Tabatinga e Chapada das Mangabeiras, na divisa entre os estados de
Piauí, Bahia, Tocantins e Maranhão. Suas nascentes se formam a partir
de ressurgências na Chapada das Mangabeiras, que originam os cursos dos
rios Lontras, Curriola e Água Quente que, por sua vez unidos, formam o
rio Parnaíba.
O
registro da catástrofe foi feito pela “Expedição Nascentes Urgente”,
entre os dias 6 e 9 de setembro, a qual foi idealizada pela OAB - Ordem
dos Advogados do Brasil, secção do Piauí, com o apoio de diversos
órgãos e entidades.
O fogo é uma constante na Chapada das Mangabeiras
A expedição
é considerada um marco na luta da sociedade pela preservação do Rio
Parnaíba e também pretende chamar a atenção para as questões que ainda
precisam ser solucionadas com relação à implantação do Parque Nacional
das Nascentes. Criado em 2002, com aproximadamente 749 mil hectares, o
parque está encravado no quadrilátero dos estados do Piauí, Maranhão,
Bahia e Tocantins, mas apresenta problemas fundiários, de demarcação, e
outras pendências judiciais.
A
OAB está preparando, ainda nesta semana, uma ação civil pública perante
a Justiça Federal para que seja ordenada a liberação de recursos no
valor de 4 milhões de reais, já existentes e aprovados pela Câmara de
Compensação Ambiental. Para o coordenador da expedição, Conselheiro
Federal Marcus Vinícius Coelho, “a utilização desses recursos em
beneficio do Parque não pode ser adiada, o rio Parnaíba pede socorro e
a degradação permanente das Nascentes é prova do risco de dano
irreparável. A sociedade exige que os poderes públicos não mais sejam
omissos e adotem medidas efetivas de proteção da vida do rio”.
Esses
fatores burocráticos estão comprometendo a biodiversidade do parque que
agoniza há anos, um exemplo claro dessa situação foi o que pode
registrar a expedição do professor, João Gabriel Baptista, em 03 de
setembro a 13 de 1977, que descreveu em seu livro, Geografia Física do
Piauí, “extensas áreas arrasadas pelo fogo” com incêndios que duravam
12 dias, torrando as margens das nascentes.
Após
30 anos a Expedição Nascentes Urgente presenciou uma situação idêntica,
pois as águas cristalinas do Riacho Água Quente se misturavam com as
cinzas no das queimadas em seu leito. O presidente da OAB no Piauí,
Norberto Campelo, presenciou e mostrou sentimento de revolta pelo
descaso com o meio ambiente no Estado.

Presidente da OAB-PI, Norberto Campelo,
participou daexpedição às nascentes
“Constatamos
com muita tristeza que a situação é mais grave do que presenciaram
exploradores há dez anos. Nosso parque está destruído pela ação do
homem. Precisamos de políticas públicas concretas com investimentos
maciços, nós não vamos pedir, vamos exigir que os nossos governantes
cumpram as suas funções com os papeis a que se propuseram; mantendo
saudável e viável a vida do nosso estado.”, disse Norberto.
A
expedição Nascentes Urgente pretende adotar ações reiteradas e
freqüentes, e somente será considerada encerrada com a implementação do
Parque.
*Dionísio Carvalho (texto e fotos) é estudante de jornalismo e ambientalista no Piauí.
Fonte: Eco Agência
Fonte: Eco Agência
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