

Escrito por Ricardo da Costa Lima
Qua, 29 de Abril de 2009 15:15
No
painel de Meio Ambiente - Conservação e Desenvolvimento, o tema inicial
foi água, esgoto e saneamento, problemas causadores da mortalidade
infantil, colocado pelo moderador Cláudio Moura e Castro. Para o
ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, crescer sem prejudicar a
natureza é um dos maiores desafios do Brasil. Ainda assim, segundo
lembrou Luiz Augusto Horta, consultor da ONU para bioenergia, a
legislação brasileira não incentiva, por exemplo, os prefeitos que
investem em saneamento.
Já o governador de Mato Grosso, Blairo
Maggi, falou a respeito das queimadas. Maggi fez questão de diferenciar
queimadas de incêndios. Para o governador, é preciso entender que o
fogo é natural no cerrado, e importante para a regeneração da
biodiversidade da região. Já as queimadas são atos criminosos.
Quando
Cláudio Moura e Castro lançou o tema energias sustentáveis, Horta
lembrou que não seremos o país que queremos ser sem energia. Os
biocombustíveis são um orgulho para o país, mas devemos saber até onde
ir. Segundo Horta, é mais urgente voltar a produção para a energia
elétrica do que para combustíveis. Sobre energia nuclear, ele foi
enfático: "Não é o momento para se pensar nisso".
Castro falou
também sobre o desmatamento. Para Blairo Maggi, deve haver a
fiscalização, mas também uma tolerância quanto ao desmatamento.
"Precisamos dar uma oportunidade a quem desmata, buscando conhecimento
científico para fazer com que aquela região ocupe seus espaços
corretamente". O ministro Carlos Minc lembrou que uma das formas de se
fazer o que Maggi sugeriu é o manejo florestal, que garantiria a
manutenção dos empregos nas regiões desmatadas. Para ele, essa será uma
fonte de criação de empregos a médio prazo.
Ao fim do painel, os
debatedores discutiram questões do agronegócio. Ele atrapalha a
preservação ambiental? A preservação é um impedimento ao seu
desenvolvimento? Para Maggi, é preciso sempre buscar a
sustentabilidade, transformar o pecuarista em agricultor. Já para Minc,
é possível fazer muito em reservas ambientais, portanto, a proteção do
meio amiente não torna o agronegócio ilegal. Deve-se fazer um bom uso
da área protegida, finalizou o ministro.
Educação - O painel de
abertura do evento - Educação com qualidade: os caminhos da
produtividade e da prosperidade - iniciou os encontros do dia. Um dos
principais pontos do debate sobre foi como tratar a educação no país.
Os debatedores chegaram a um consenso em afirmar que a questão é
cultural. O mediador do debate, Gustavo Ioschpe, abriu o painel com uma
importante questão: Por que o Brasil não consegue seguir os exemplos de
outros países, por que não consegue alfabetizar suas crianças?
Para
o economista José Alexandre Scheikman, o Brasil não deu a importância
necessária à educação. "Não e difícil copiar os outros países. No
momento em que decidimos fazê-lo, vamos fazer", disse. Já o ministro da
Educação, Fernando Haddad, lembrou que, pela primeira vez, o país
conseguiu a adesão dos governadores e prefeitos de todo o Brasil em
termos de diretrizes e metas de qualidades. "Cada escola pública tem
hoje sua meta, e o Brasil tem sua meta de atingir os países
desenvolvidos até 2022", afirmou.
Para a secretária estadual de
educação de São Paulo, Marie Helena Guimarães, os professores
brasileiros não aprendem os conteúdos dos cursos. O modelo de educação
dos professores é um grande problema. Os currículos devem ser mais bem
organizados.
Após uma discussão sobre a méritocracia, o ministro
Haddad disse que a educação deve ser incorporada como um valor, assim
como a democracia. "Não há democracia sem educação", afirmou. Após o
encerramento, ficou claro, como lembrou William Waack, que o tipo de
mudança que o país deseja, não só na educação, acontecerá apenas se a
classe política se mobilizar para solucionar os problemas brasileiros.
O
seminário - Os debates sobre educação e meio ambiente fazem parte do
seminário "O Brasil que queremos ser", que marca os 40 anos do
lançamento de VEJA. Em seguida, serão discutidos os temas Economia - o
novo papel do Brasil no mundo; O papel da imprensa: o fortalecimento
das instituições políticas; e Democracia, raça e pobreza - inclusão
social, acomodação das classes emergentes e formação de uma nova classe
média. Para encerrar, a discussão Megacidades - quais os desafios e
como fugir dos erros do passado? Falarão sobre o tema o arquiteto e
urbanista Jaime Lerner e os urbanistas Raquel Rolnik e Jonas
Rabinovitch. Os debates serão mediados por jornalistas e colaboradores
de VEJA, como Reinaldo Azevedo, além do diretor de redação da revista,
Eurípedes Alcântara.
Alguns dos participantes e personalidades
brasileiras já opinaram a respeito dos temas na página do evento na
internet. "O Brasil que eu gostaria de ter é um Brasil no qual tanto a
sociedade, aqui entendida como comportamentos, costumes, hábitos e
valores; quanto o estado (os aparatos de gerenciamento coletivo) e os
governos (as pessoas e partidos encarregados de administrar
temporariamente essa máquina); tenham como alvo a igualdade de todos
perante a lei, os contextos e as outras pessoas. Que a igualdade como
valor possa ser o centro de uma sociedade brasileira onde o outro, o
estranho, o pobre, o anônimo, seja visto não como um inferior ou um
superior, mas como um igual e um companheiro de vida nas cidades e nos
campos", escreveu o colunista de VEJA Roberto DaMatta.