Cada vez que tomo conhecimento de algumas
leis que são criadas nesse país chego a conclusão de que os
parlamentares devem achar que a população é um mero grupo de pessoas
sem capacidade de análise crítica. Devem eles achar que somos todos
burros. Numa manhã de trabalho, em conversa com um colega de profissão,
comentávamos a quantidade de leis que definitivamente não representam
nenhum avanço para a sociedade. Como notícia ruim chega rápido, em
pouco menos de dez minutos elencamos dois exemplos que podem explicam
bem a minha indignação. Um Projeto de Lei e uma lei já aprovada pelo
governador de Mato Grosso, Blairo Maggi.
O deputado estadual José Domingos
(DEM), preocupado com a questão das queimadas no estado de Mato Grosso,
que figura no topo da lista dos que mais queimam no Brasil, apresentou
um Projeto de Lei que proíbe o porte e uso de cigarros, cigarrilha e
charuto nas rodovias estaduais, durante o período de seca, entre os
meses de julho e setembro. Segundo o deputado provável lei vai
contribuir diretamente para diminuir o índice de queimadas no estado.
“O fogo prolifera muito mais rápido nessa época do ano, visto que a
baixa umidade seca a vegetação. Um descuido pode causar grandes
tragédias e um enorme impacto ambiental”, se explica o parlamentar.
Besteira. Será que a parcela das queimadas provocadas por “bitucas” de
cigarro são realmente significante assim? Ou será que os grandes do
agronegócio que em busca de expandir suas fronteiras agrícolas queimam
milhares de hectares da Floresta Amazônica para plantar soja e criar
gado?
Parece que os parlamentares que
elegemos ou não enxergam a realidade ou não querem enxergar. E nós,
acreditamos em que? Ao me que parece, nossos políticos acreditam mesmo
que somos burros. Porque não se empenham em criar leis que sejam
mecanismos para conter e punir severamente os que insistem em um
desenvolvimento insustentável. Por que nossos deputados não vão
fiscalizam, que é uma de suas funções, a destinação de R$ 100 mil reais
para a Secretaria de Meio Ambiente, liberados no último dia 17 pelo
governo do estado, sem nenhum detalhamento sobre qual a finalidade do
repasse. Esse dinheiro poderia ser utilizado, diga-se de passagem, na
prevenção e combate às queimadas. Mas não. Insistem em criar esses
“projetinhos de lei” sem um ganho real para a população.
Esse projeto da “bitucas” ainda está
em fase de criação e não é lei, mas, como havia dito no início deste
artigo, existem leis já sancionadas que nos fazem rir. Mas rir muito.
Começamos pela Lei 8.935, de autoria do deputado estadual cassado
Walter Rabelo (PP), que instituiu o “Dia do Estagiário” no calendário
oficial de comemorações do estado de Mato Grosso. Pode uma coisa dessa?
O que isso muda na vida das pessoas? Será que é para isso que elegemos
nossos políticos? Claro que não. Em uma pesquisa na internet fiquei
mais assustado ainda. E arrumei mais um motivo para rir e também para
chorar. Em Barra do Garças, a prefeitura sancionou em 1995 a Lei que
criou um aeroporto para óvnis, para seres extra-terrestres. Só rindo
mesmo. Mas as eleições estão aí. É hora de viramos esse jogo e excluir
os políticos que não conseguem desempenhar suas funções, ou não estão
preparados ou são “malas” mesmo. Chega de perder tempo. A decisão é
sua, é nossa.
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