14/09/2007 - 16h16m
- Atualizado em 14/09/2007 - 16h20m
INPE: AUMENTO DE QUEIMADAS TORNA 2007 UM ANO CRÍTICO
O aumento significativo da ocorrência de queimadas em todo o território nacional, causado pela estiagem prolongada e pela baixa umidade do ar, já faz de 2007 um ano crítico, com perspectivas pouco animadoras. A avaliação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento dos dados dos satélites que detectam focos de calor, que são os sinalizadores da ocorrência das queimadas.
Em agosto, esses satélites registraram 16.592 focos de incêndio em todo o País. O número é mais que o dobro do constatado no mesmo período do ano passado, que somou 8,2 mil focos. A situação é mais grave no Pará (5.020), Mato Grosso (4.665) e Rondônia (1.663). "Configura-se um ano atípico em relação aos anos anteriores. Vamos ter situações calamitosas em algumas semanas, se as coisas continuarem assim", disse Setzer.
As queimadas em áreas de preservação ambiental aumentaram 43% de janeiro a agosto desse ano em relação a 2006. Entre julho e agosto, o sistema de monitoramento indicou quase 6,5 mil casos em unidades de conservação federais e estaduais e reservas indígenas. "Essas são áreas onde não poderia ocorrer queimadas de forma nenhuma", reclamou o pesquisador. No geral, só nos primeiros sete dias de setembro foram 6.515 focos de incêndio e de quarta até ontem, em 24 horas, os satélites haviam observado mais de 25 mil pontos de calor em todo o País.
Segundo Setzer, nesse ano, a situação está crítica principalmente na região Centro Oeste - onde a vegetação rasteira do cerrado facilita os incêndios - e parte do Norte do País. Desde o último final de semana, por exemplo, o fogo já destruiu mais de 15% do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. O pesquisador disse que é difícil fazer a comparação de dados com anos anteriores porque dobrou o número de satélites que realizam essa tarefa, que hoje são dez. Como referência são utilizados dados dos satélites NOAA 12 - que foi desativado em agosto - e o NOAA 15, que o substituiu.
Imaginava-se, no entanto, conforme o pesquisador, que à medida em que se fosse aperfeiçoando os meios para se detectar os focos com maior rapidez, que também houvesse uma diminuição no número de ocorrências provocadas pela ação criminosa dos homens. "Ao contrário, podemos dizer que as queimadas aumentam gradativamente, demonstrando que a sede do homem em destruir é cada vez maior", afirmou Setzer.