O
princípio da soberania e da não intervenção não legitima a destruição
de nenhum patrimônio com importância vital para a humanidade e as
gerações vindouras

Washington, DC – 22/08/2010 - A Amazônia em chamas demonstra a
incapacidade do Governo brasileiro em preservar um patrimônio de
incalculável valor para o equilíbrio ambiental no planeta. A comunidade internacional
não discute a soberania brasileira sobre a região, mas preocupa-se com a
realidade que parece fora de controle pela ineficiência das agências
governamentais brasileiras ante a ausência de uma legislação mais eficaz
que iniba e intimide as ações criminosas contra o meio ambiente.
Não
se pode entender a atuação Polícia Ambiental, prestativa e competente
no aprisionamento de quem tem um papagaio de estimação em casa, mas
letárgica na identificação daqueles que incendeiam milhares de hectares
da floresta, talvez a visão dela esteja ofuscada pela “fumaça da
corrupção”... ora, como centenas de alqueires com a sua fauna são
exterminados impiedosamente e ninguém vai preso!
Os incêndios florestais são catástrofes extremamente graves,
não só pela elevada frequência com que ocorrem e extensão que alcançam,
como pelos efeitos destrutivos que causam. Para além dos prejuízos
econômicos e ambientais, podem constituir uma fonte de perigo para as
populações e bens.
Navegação aérea comprometida, hospitais lotados e autoridades em estado de alerta, mas sem recursos
Esses
são os títulos de reportagens de âmbito nacional e internacional sobre a
crise ambiental que a população amazônica vem sofrendo com a grande
concentração fumaça e seca que assola o estado.
A
nuvem de fumaça das queimadas que atingem áreas urbanas de toda
Amazônia segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia, o
INMET enquanto técnicos do SOMAR em conjunto com agências americanas do
setor alertam que a falta chuvas nos próximos dias pode elevar a
temperatura a mais de 40°c...(Clique e assista vídeo da TV Bandeirantes mostrando foto da NASA).
Entre
os reflexos mais diretos dessa concentração de fumaça e tempo seco é a
concentração de poluentes. Além de muito desconforto à população, somada
às condições extremas de temperatura e baixa umidade, a poluição das
queimadas intensificam principalmente problemas respiratórios e
cardíacos. Muito aeroportos com fechamentos intercalados, operando por
instrumentos, por conta do volume de fumaça que cobre o céu das cidades.
O quadro é crítico agrava-se com a fumaça vinda, principalmente,
do sul do Estado do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Bolívia.
Os
criminosos migram de outras regiões do Brasil para queimar florestas
inteiras na Amazônia, formadas durante centenas de anos pela natureza, o
mesmo ocorre com o ouro cuja exploração irresponsável deixou prejuízo
superior em comparação aos proveitos da extração do metal. Apesar de
todas as contra-indicações e efeitos lesivos do uso de mercúrio nos
garimpos, a pressão da necessidade econômica ainda dita o avanço desta
atividade. Só quem lucra neste sistema são os donos de garimpo, mas a
riqueza não fica na região, e nem serve ao desenvolvimento...(Clique e assista comentário de Léo Ladeia).
O Brasil em algumas décadas poderia firmar-se no cenário internacional
pelo valor de suas reservas de água potável, e as florestas que geram
oxigênio, no entanto, em vez de preservação desse colossal e cobiçado
patrimônio poluem-se os rios com matéria fecal, mercúrio e dejetos
industriais e o que se constata hoje e falta de água para as populações
que habitam a maior reserva hídrica do planeta. Desconhecem que hoje em
várias partes do mundo o precioso líquido (a água) custa mais que um
litro de gasolina.
Funcionários
corruptos e madeireiros incentivados pela impunidade e postura omissa
dos três poderes, em todos os níveis da administração pública, alimentam
as queimadas, agravando o presente e ameaçando a vida de numerosas populações formadas por índios, caboclos, ribeirinhos, seringueiros e pescadores, os grandes prejudicados.
Para
que se possa fazer uma idéia do tamanho da irresponsabilidade do
Estado, colha-se o péssimo exemplo do Legislativo que pretende com a
edição do novo Código Florestal reduzir as áreas de preservação e dar anistia aos desmatadores, tudo em nome de uma falsa proteção ao agro-negócio brasileiro.
Os
legisladores deveriam enrijecer a aplicação das multas aos responsáveis
pelas queimadas, pois atualmente o produto dessa arrecadação tem
servido apenas completar o minguado salário dos agentes do poder
público, fomentando a impunidade.
Assim
como ocorre nas hipóteses em que a terra é utilizada para o plantio de
maconha, seria oportuno fixar na lei dispositivo de confisco de qualquer
área degradada ilegalmente, destinando-a, após a sua recuperação, ou
com essa encargo, para o programa reforma agrária.
Porque não aplicar o mesmo princípio às terras onde ocorrem queimadas?

AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE,
DELITO CONTRA A HUMANIDADE
Em
2006, diante da latente preocupação dos Estados Unidos e alguns países
da Europa para que a Amazônia fosse melhor preservada, elaborei uma
minuta de Projeto de Resolução e enviei ao recém empossado Secretario
Geral da ONU – Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, sugerindo
fossem “declaradas as reservas florestais e bacias hidrográficas do planeta como Patrimônio Natural da Humanidade e, do mesmo passo, tipificando como delito Universal toda ação causadora de danos ao meio ambiente”.O
texto inicial, divulgado em Dezembro de 2006 pela revista Forbes, a
cadeia de televisão ABC (Eyewitness), e outros meios da Mídia, previa
também a “capacitação da FORÇA DE PAZ DA ONU para monitorar e
salvaguardar a conservação do patrimônio biológico e hidrográfico
terrestre”. No entanto, posteriormente suprimi esse item do texto por
considerá-lo polêmico e ameaçar o debate racional da proposta. Em
matéria publicada pela revista Ambiente Brasil em 2007, enfatizei que a
morosidade burocrática e as barreiras ideológicas ou sectárias não devem
adiar a discussão, diante do cenário sombrio e ameaçador indicado no
relatório do painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Em
referência a proposta, Al Gore, candidato às primárias pelo Partido
Democrata à Presidência dos EUA, comentou: “Sugestões como esta podem
contribuir para melhoria da qualidade do meio ambiente e são de extremo
valor”. Por sua vez, o Diretor Executivo da Divisão de Leis e Convênios
Ambientais da ONU, Achim Steiner, manifestou apoio afirmando: “a
proposta pode contribuir efetivamente para consolidar as ações voltadas
para a preservação dos recursos naturais da Terra”. Cabe a
indagação: Se a ONU tomba praças e edificações históricas como
patrimônio da Humanidade, por que não tombar o meio Ambiente, muito mais
importante por ser imprescindível a vida?
Creio
que se houver responsabilidade e boa vontade, essa proposta poderá ser
estudada e aprimorada de forma a que O Brasil possa apresentar, a partir
da mesma, um projeto de ação global de entre - ajuda (sem os fantasmas e
paranóias de intervenção ou ameaça à soberania de qualquer Estado) de
forma a auxiliar os países que enfrentam sérios problemas ambientais e
não dispõem de recursos financeiros, tecnológicos e humanos para
combater eficazmente o problema. A responsabilidade de ação conjunta
reveste a todos por igual, habitantes do planeta terra.
REALIDADE LEGITIMARIA INTERVENÇÃO
Não
resta dúvida que esse quadro inegavelmente constitui um fator de risco e
uma ameaça real à preservação da maior reserva biológica do planeta,
onde se observa a degradação desenfreada e criminosa. Para os EUA e as
ONGS defensoras do meio ambiente, a condição de dono da Amazônia, não
confere aos países onde está situada o direito de destruí-la, quer
poluindo os mananciais para extração mineral, ou promovendo queimadas de
florestas nativas, assoreando os rios que formam a maior reserva de
água potável do mundo, promovendo a desertificação além de transformar o
oxigênio em monóxido de carbono, com reflexos imediatos para a vida das
populações nativas e pioneiras.
Quando
um Governo demonstra incapacidade para coibir agressões ao meio
ambiente, dá um sinal inequívoco para a Comunidade Internacional que
precisa de ajuda. Logo essa assistência deve chegar de forma cooperativa
ou coercitiva, em ultimo caso, se o país recusar. Não se podem repetir
erros do passado, pois o presente requer mais responsabilidade do que
intransigência política sectária.
Recentemente
reportagem do jornal 'New York Times' questionou a posse brasileira da
Amazônia e gerou preocupantes discussões sobre possibilidade de
intervenção internacional pela importância da região amazônica para o
Brasil para o mundo.
Existe
por parte de nós brasileiros uma conceituação equivocada, para não
dizer paranóica, sobre o que seja a verdadeira opinião americana em
relação à região amazônica.
Observada
por satélites, a região Amazônica ardendo em chamas, mais parece um
teatro de guerra – e é – a guerra da estupidez onde um povo destrói seu
próprio patrimônio enquanto teme que essa destruição seja feita por
estrangeiros. Constata-se que o maior inimigo do Brasil são aqueles que
destroem e os que são coniventes pela ineficiência, com esse processo
que atinge a humanidade como um todo.
Quando
teve inicio a guerra no Iraque absurdamente algumas correntes de
pensamento ai no Brasil acusaram os EUA de querer apoderar-se do
petróleo daquele país. Contrariamente a isso, o preço da gasolina e
outros derivados do petróleo quase duplicou no mercado interno
estadunidense, impondo sérias dificuldades ao povo americano. Semana
passada o mundo observou a retirada das forças de ocupação sem carregar
um litro de óleo sequer.
POSTURA DOS EUA É COOPERATIVA
O
Brasil é um país tradicionalmente amigo dos EUA e as relações
bilaterais no plano, militar, econômico, comercial, cultural e
tecnológico é uma prova irrefutável dessa relação.
A
tese segundo a qual os EUA conspiram, em longo prazo, para uma invasão
da Amazônia não passa de uma idéia absurda, quais só brasileiros
desinformados ou mal intencionados acreditam. Além de surrealista e sem
fundamento, apenas atende aos propósitos inescrupulosos daqueles que
fomentam um entendimento nacionalista equivocado e anti-americano para
tirar proveito político. A idéia de uma intervenção direta
no território brasileiro é tratada como irreal até mesmo pelo discurso
oficial do governo dos Estados Unidos.
Recordo
o texto da carta que recebi do saudoso Senador Americano Jesse Helms
(membro da Comissão de Relações Exteriores) em referência ao Projeto Transfronteira
destinado a segurança, desenvolvimento, integração e preservação
ambiental da faixa internacional de fronteira do Brasil, “Os problemas
dessa região são grandes e os esforços para encontrar soluções serão
sempre bem vindos, no entanto, os EUA não possuem autoridade para
intervir ou forçar o Brasil, ou qualquer nação estrangeira, a adotar
nenhum tipo de programa, mas esteja certo que o Congresso acompanha esse
tema com atenção”.
Enquanto
celebrávamos durante os últimos anos a independência Brasileira de
Portugal, preocupados com as ameaças externas à soberania da Amazônia,
esquecíamos o nordeste. Não vimos o acelerado processo de re-conquista
desta vez não com a força militar, mas com a força do dinheiro de um
mundo globalizado. Com euros os europeus compraram o que havia de melhor
no “nosso” nordeste. As melhores praias e resorts turísticos pertencem a estrangeiros, mas nossa gente não tem acesso àqueles patrimônios. Será que isso é soberania?
Com
a Amazônia a forma de conquista não seria diferente. Em vez de invadir,
hoje, se compra, e tem muita gente disposta a pagar o dobro (assim como
muitos interessados em vender pela metade do preço em cash).
Espero
que a determinação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça – que anulou
um grande número de títulos de propriedade na Amazônia não seja
revertida, caso contrário parte daquela reserva será entregue a posse de
alguns estrangeiros, um banco e uma grande montadora de automóveis.
De
acordo com o corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp,
foram 6.102 registros irregulares de terra no Pará, fossem todos
verdadeiros, esses 110 milhões de hectares de terra corresponderiam a
88,7% de toda a área do Estado.
A OCUPAÇÃO TERRITORIAL DA FRONTEIRA
POR BRASILEIROS É INADIÁVEL
O Barão do Rio Branco, ao negociar a questão acreana no célebre conflito com a Bolívia, arrimou-se no princípio do "Uti possidetis, uti possideatis"
(como possuís, continuareis a possuir), ou, simplificando: QUEM OCUPA É
DONO. Fica difícil acreditar que realmente o Brasil esteja preocupado
em proteger seu território uma vez que a própria legislação vigente de
não edificação na faixa de fronteira, paralela a linha divisória
terrestre não permite a ocupação por nacionais. Obviamente isso só vale
para brasileiros já que se observa a ocupação, desordenada e por
estrangeiros da pior espécie. São traficantes, mercenários,
guerrilheiros entre outros que se prevalecendo da ausência e
incapacidade do Estado Brasileiro em patrulhar e garantir a soberania
saqueiam as riquezas, matam índios indefesos e influenciam nefastamente o
modo de vida impondo sua “cultura” nefasta e criminosa.
Hoje
a fronteira amazônica com seus 11 mil km de extensão é um território
aberto incentivando com seu isolamento todo tipo de investidas
estrangeira. Para os nacionalistas o conceito de soberania é uma ilusão.
Incontestável abstração de direito.
Basta
raciocinar: Se os EUA não conseguem conter a invasão de seu território
na fronteira com o México, muito menos extensa que a fronteira
Amazônica, como o Brasil poderá ter tamanha pretensão? A não ser
permitindo e coordenando a ocupação planejada, e por nacionais daquelas
terras devolutas, adotando modelos de desenvolvimento compatível com a
vocação de cada região e a cultura de populações pioneiras, sabias no
trato do meio ambiente. Não é possível vislumbrar o atendimento das
questões de ocupação territorial e soberania, sem uma interação através
do processo de ocupação ordenada feito pela população civil, de forma a
criar as bases para atendimento dos objetivos da Segurança Nacional.
É inconcebível o conflito agrário no Brasil, quando a fronteira necessita de ocupação que valide o "Uti possidetis"
que nos valeu o Acre, depois da sua conquista pelas armas nas mãos de
civis nordestinos, o citado princípio de direito defendido pelo grande
Barão que deu nome à Capital acreana. O MST pode liderar esse processo
de forma patriótica e responsável ajudando no assentamento de
sem-terras.
URGÊNCIA NA REVISÃO DOS TRATADOS
A
primeira ação em defesa de nossos interesses implicaria a REVISÃO DOS
TRATADOS INTERNACIONAIS de não edificação firmados pelo Brasil.
Igualmente, excluir de qualquer reserva indígena uma faixa de fronteira
secundária, onde a União tivesse jurisdição plena; onde não haveria
índio com os privilégios de que hoje gozam; onde não se tivesse de pedir
consentimento a ninguém. Tratar as reservas indígenas como territórios
autônomos, onde nem os poderes do Estado podem entrar sem prévia
autorização tribal é um ERRO.
É necessário, ao amparo do marco específico de que trata o parag. 2º do
Art. 20 da CF, definir a nova legislação sobre a Faixa de Fronteira, de
modo que se possa definir e estimular o adensamento populacional de
forma planejada nessa área sensível, com a presença constante das forças
armadas e de outros órgãos do Estado principalmente a Polícia Federal.
PROJETO TRANSFRONTEIRA
DESAFIA MATURIDADE POLÍTICA
Uma
formula legislativa factível para consecução de múltiplas demandas que
constituem as principais preocupações brasileiras com o território
amazônico esta em um projeto de lei que me custou quase 10 anos de
dedicação motivado pela consciência do dever moral da contribuição
cidadã, sem receber pagamento algum, em consulta a Estado e Sociedade,
por mim elaborado e apresentado na Câmara dos Deputados em 1987 pelos
Senhores Deputados Assis Canuto, José Guedes e Raquel Cândido, tendo
sido reapresentado no Senado pelo Sen Amorim SF - 06/1997, “AUTORIZANDO
O PODER EXECUTIVO FEDERAL A PROMOVER ACORDOS COM OS PAÍSES QUE
MENCIONA, PARA A IMPLANTAÇÃO DE AGROVILAS INTERLIGADAS POR UM SISTEMA
INTER-MODAL, NAS TERRAS DA UNIÃO, SITUADAS NA FAIXA INTERNACIONAL DE
FRONTEIRAS DAS REGIÕES NORTE E OESTE DO BRASIL ESTABELECENDO OUTRAS
PROVIDENCIAS”.
Referida proposição foi arquivada ao final da legislatura com dezenas de pareceres técnicos favoráveis.
Desafio
os parlamentares amazônicos preocupados com as questões estruturais a
desarquivar e reapresentá-lo em uma das Casas do Congresso Nacional,
para que seja concluído no debate entre Estado e Sociedade sobre os
destinos da Amazônia. Convém ressaltar que não será um favor a este ou
aquele, mas uma exigência da nacionalidade, uma demanda legítima de
atendimento inadiável.
Fonte: Samuel Saraiva - us3000@comcast.net
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