Estamos atravessando um período de estiagem dos mais prolongados da
história de nosso Estado. Calor sufocante, insuportável e dias nublados
com imensa cortina de fumaça e ausência de chuva a qual principia a dar
sinais de seu retorno. Queimadas por todo lado e lamentavelmente,
parcela considerável criminosamente provocada. Não escapei deste flagelo
o qual alcançou meus vizinhos e toda imediação.
O quadro é
desolador e igual ao que se vê em razoável porção do Estado. Os dados
dos órgãos informativos revelam, que desde janeiro mais de 15 mil focos
de incêndio foram localizados na nossa fatia territorial e que Mato
Grosso lançou segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Impe,
no espaço, mais de 211 mil toneladas de monóxido de carbono só na
primeira semana de julho, superior a de São Paulo, limitada a 188
mil.
Ainda, que em tempo de queimada e clima seco, Mato Grosso
emite 20 vezes mais monóxido de carbono na atmosfera, que a cidade de
São Paulo a grande metrópole industrial do país. Isto é inconcebível!
Entre
9 a 10 de setembro foram registrados 7.348 focos de incêndio sendo a
região mais atingida a do Ribeirão Cascalheira. A combustão dá inicio a
reações químicas liberando gases que produzem o efeito estufa e acentua o
aquecimento terrestre. Esse quadro desolador ainda traz em seu bojo
alto índice de doenças respiratórias nas crianças.
Segundo
artigo do Jornal "O Estado de S.Paulo", Mato Grosso é o campeão mundial
das queimadas decorrente da derrubada alucinada da floresta Amazônica,
especialmente, no norte do Estado. Citando artigo do pesquisador
americano da Universidade de Maryland, Douglas Morton, 60% das queimadas
teriam origem em áreas de desmatamento e não de gleba objeto de limpeza
de pastos.
Temos que fazer uma profunda reflexão sobre o
problema e não o atacarmos isoladamente e casuisticamente. Os exemplos
como os de Marcelandia ocorrido em agosto passado, quando 80% da área
industrial foi destruída nos compele a tratarmos da questão com
tecnicismo, seriedade e celeridade e não sermos omissos. Não aprecio,
que americanos e europeus se imiscuam nos nossos problemas,
especialmente os primeiros, que extinguiram suas florestas, arrasaram
seus índios e se situam entre os maiores poluidores da atmosfera, e,
vem, vigorosamente nos criticar e ensinar caminhos, que nunca trilharam e
nem trilham e são cobiçosos da amazônia e suas riquezas.
Essa
política farisaica de recomendar o que fazer e não se fez, em seu
próprio país, que fique longe de nos. Mas, temos que atacar a questão,
numa soma de esforços conjuntos, que envolvam todos os poderes: o
legislativo, o executivo,o judiciário, acrescido do M.P., demais órgãos e
a sociedade em geral. Que os esforços sejam comuns. Políticos com
legislação ambiental coerente e não radical.
Não se justifica
conceder milhares de hectares maior do que alguns países para um numero
limitado de índios - essa tese ambientalista se situa como irreal e por
isso não é respeitada pelo produtor - de outra feita não se justifica
reduzirmos, ilimitadamente, a área verde para possibilitarmos um avanço
desmedido do setor pecuário ou agrícola, porque, a soja ou outro produto
incrementa nossa exportação e equilibra a balança comercial.
Temos
que dotar com estrutura e meios, órgãos volantes preventivos a fim de
evitar o prosseguimento do descontrolado desmatamento ao contrário dos
repressivos, que só atua depois da consumação da derrubada. Ter
legislação, em que o Executivo a execute não temendo coibir a supressão
das áreas verdes, especialmente, nas margens dos rios, cabeceiras,
lagoas,baías, nascentes, mas sem admitir os excessos e respeitando
situações consolidadas.
E muito ainda poder-se-ia especificar
sobre a questão, mas, o fator primordial para a mudança nesse estado de
coisas, sem dúvida, advirá de uma educação de base originada desde o
berço, referendada nas escolas primárias e nas subseqüentes.
Teremos
assim um clima mais saudável, um verde exuberante a filtrar as
impurezas da atmosfera, rios e córregos copiosos e uma estiagem amena
que restringirá as combatidas queimadas e auxiliará a arrefecer o
aquecimento global.
LICÍNIO CARPINELLI STEFANI é desembargador aposentado e advogado.
liciniocarpinelli@cfadvocacia.com.br