02/Out/2002 - 01:58 - Protesto em SP nesta quinta-feira contra lei das queimadas de canaviais Ambientalistas de todo o estado reúnem-se nesta quinta-feira (3) em São Paulo, às 10h, em frente à Assembléia Legislativa, para protestar contra as queimadas de cana autorizadas por mais 30 anos, pelo projeto de Lei 11.241 de 19 de setembro de 2002. A manifestação será seguida de protestos, dentre eles, uma apresentação de pirofagia (às 10h30) em que um ambientalista caracterizado como deputado (com terno e uma placa de "vote em mim") cuspirá fogo incendiando canas-de-açúcar. Estarão presentes ambientalistas integrantes do CONSEMA-Conselho Estadual do Meio Ambiente, médicos pneumologistas e entidades ambientalistas do interior do Estado. Segundo o Engenheiro Agrônomo Manoel Tavares, da Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil, de Ribeirão Preto, "a lei atende interesses econômicos, em detrimento da saúde da população e do trabalhador rural, que não tem mais como subsistir no campo". Segundo Tavares, há uma contínua mecanização do setor, mas para baratear o custo, a colheita ocorre após a queima da cana, provocando danos á qualidade do solo, eliminando nutrientes e os últimos remanescentes de fragmentos florestais do interior. Para o médico pneumologista José Carlos Manço, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, "existe uma correlação entre o período de queimadas e uma maior procura por atendimento laboratorial e internações hospitalares por problemas respiratórios, principalmente de crianças e pessoas idosas". Manço afirma que há uma grande incidência de rinite e irritações nos olhos, o que decorre principalmente de material particulado decorrente da queima da cana. Segundo o médico, há ainda análises estatísticas em curso, que deverão comprovar a correlação entre as queimadas e mortes por agravamento das condições respiratórias. O Promotor de Meio Ambiente de Ribeirão Preto, Marcelo Goulart, afirma que a lei aprovada pela Assembléia é inconstitucional e' ilegal. Segundo Goulart, "o MP irá desconsidera-la, trabalhando com a Constituição Brasileira e a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. Segundo Paulo Figueiredo, professor da área de Gestão Ambiental e Energética da Universidade Metodista de Piracicaba , "é inconcebível nos dias atuais queimar biomassa sem um aproveitamento da energia térmica liberada e caso fosse queimada, a palha da cana deveria ser utilizada para co-geração ou conversão em outra forma de energia". Carlos Bocuhy, conselheiro do CONSEMA, também indignado, diz que a lei 11.241 apresenta equívocos em sua própria justificativa. O ambientalista afirma que "há um conjunto de ações desenvolvimentistas pré-eleitorais que não contemplam aspectos ambientais e qualitativos, com projetos de deputados que favoreceram o setor industrial da capital e o setor suco-alcooleiro do interior". Bocuhy afirma que "tais matrizes equivocadas propõem um desenvolvimento sem critérios e trazem uma alta conta a ser paga pela saúde da população". Os ambientalistas e o Ministério Público estão preparando uma ADIN-Ação Direta de Inconstitucionalidade, contra a Lei 11.241 de 19 de setembro de 2001. (Para mais informações contatar Manoel Tavares - Associação Ecológica e Cultural Pau-Brasil, de Ribeirão Preto - 16 623.0298 - 16 623.2574 ou o promotor de Ribeirão Preto, Dr. Marcelo Goulart - 16 629.3848 - 16 636.8468 ou ainda o médico Pneumologista Dr. José Carlos Manço, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - 16 - 624.6667 ou o prof. Paulo Figueiredo - UNIMEP - 16 3241.1062 - 16 3124.1823). - Prof. Daniel B. Gonçalves - Tese de mestrado da UNESP de São Carlos: "A regulamentação das queimadas e as mudanças nos canaviais paulistas" -16 9116.0988 - Conselheiro do Consema Carlos Bocuhy - 4169.7208