O Globo, Rio de Janeiro 16 / Julho / 2004 Madeira queimada Recentemente, estávamos sobrevoando a área conhecida como o Arco do Desmatamento que atravessa do Sul do Pará ao Acre. Milhares de alqueires de selva foram derrubados este ano, e as árvores caídas têm um destino certo: virar cinzas. Isso acontece justamente agora, na época das queimadas, de julho a setembro, quando não chove. Voando baixo, testemunhamos de perto a devastação. Ao contrário do que disse o secretário-executivo da comissão interministerial incumbida de preparar o inventário sobre a emissão de gases no Brasil, João Domingos Miguez - "na maior parte das derrubadas não há queima de madeira" - posso garantir que há queima na grande maioria dos casos, se não todos. Voamos 10.000km precisamente nessa faixa e não vimos nenhum caso onde não houve ou não haveria queima de madeira. Em geral, quem quer "limpar" a terra - verbo usado como se a mata fosse sujeira - primeiro manda tirar a madeira nobre e depois derruba as árvores remanescentes. Estamos falando de milhões de árvores. Mais tarde, põe-se fogo. GÉRARD MOSS Projeto Brasil das Águas (por e-mail, 16/7/2004), Rio ---------------------